O romance A nova ordem (2019), de Bernardo Kucinski, é resultado direto da ascensão da extrema-direita no Brasil. A obra se utiliza da distopia para apresentar o país num futuro próximo se tornando uma ditadura governada por ideais militares e teocráticos. Nesse contexto, a narrativa passeia entre o absurdo e a realidade palpável, levando o leitor a perceber no seu cotidiano o prenúncio de dias catastróficos. É como se Kucinski nos dissesse: tudo isso não pode acontecer, mas já está acontecendo. Logo nas duas epígrafes iniciais, de Aldous Huxley e George Orwell, o leitor é colocado em contato com reflexões acerca da servidão na qual vivem as massas oprimidas. Isso serve de preparação para a realidade distópica que se avizinha. Nos parágrafos a seguir irei apresentar brevemente o que se encontra em cada um dos 22 capítulos que compõem o mais novo livro de Kucinski. I. “A nova ordem proclama seu advento. O fechamento das universidades e a morte do pensamento crítico”: ne...
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