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Mostrando postagens de novembro, 2017

Cabo de guerra: romance de Ivone Benedetti reflete sobre a ditadura no Brasil

Doutora pela USP e tradutora reconhecida, Ivone Benedetti estreou na literatura com o romance Immaculada (2009) e com o livro de contos Tenho um cavalo alfaraz (2011). Agora, ela volta à cena literária com Cabo de guerra (2016), romance que tematiza a ditadura civil-militar brasileira. De modo crítico e realista, ela se propõe a rememorar o passado e discutir as marcas deixadas por ele e ainda presentes no Brasil atual. A narrativa conta a história de um sem-nome que não tem opinião própria nem destino definido. Ele narra sua própria história no transcorrer de três dias, os quais dividem o romance: no primeiro dia, a rememoração dedica-se prioritariamente a tratar da chegada do protagonista em São Paulo e das amizades que ele estabele com jovens de esquerda; já no segundo dia, a maior parte das lembranças é de sua atuação como infiltrado, levando informações para os militares; e no terceiro dia, por fim, o foco maior é em destacar a tentativa fracassada de reconstituir a sua ...

Espionagem no futebol: limites e consequências

A ESPN Brasil fez uma reportagem mostrando que o Grêmio tinha um funcionário responsável por espionar os adversários. Ele usava até drone para gravar imagens dos treinos fechados. Primeira reação: a torcida do Grêmio e um representante do clube dizem que se trata de uma matéria fraca, vazia, apenas fruto da perseguição da impressa do sudeste tentando atrapalhar o clube na final da Libertadores 2017.  Segunda reação: Renato Gaúcho, treinador do time, admite o uso desse expediente, mas justifica dizendo que todos os clubes fazem isso, que a espionagem é antiga, que futebol é uma guerra e que o mundo é dos mais espertos.  Qualquer semelhança com nosso cotidiano político e social não é mera coincidência. O futebol é apenas mais um lugar onde se vê a cultura do brasileiro. A melhor defesa é sempre o ataque, mas quando ele não dá certo se recorre a generalização: já que todos fazem, eu posso. Até onde vai o limite para conseguirmos aquilo que queremos? Vale engana...

Beach rats: a verdade é despretensiosa

O filme Beach rats (Ratos de praia, 2017) começa com o jovem Frankie (Harris Dickinson) se fotografando no espelho, ainda envergonhado conversando com homens mais velhos pela internet, ele se encoraja e finalmente pede para ver um deles nu. Depois, vêm os fogos de artifício. Uma garota, que será sua futura namorada, olha para ele e comenta o quanto aquele brilho no céu é romântico. Frankie discorda e a moça então questiona: “qual é sua ideia de romance?”. Ele se silencia. Os fogos serão uma importante metáfora imagética ao longo do filme, sendo retrados também na tela do computador do rapaz. Na última cena do filme Frankie retorna para esse mesmo cenário, promovendo a percepção de que o questionamento feito a ele ainda permanece sem resposta. Ele ainda busca entender seus desejos sexuais. Os fogos de artifício servem para metaforizar a adolescência e juventude, mas fora da percepção típica do senso comum. Para além de uma época em que os desejos estão à flor da pele e em que se...

Let the old dreams die: o conto de John Ajvide Lindqvist

Lindqvist é um autor sueco que se tornou bastante conhecido com a publicação da novela Let the right one in (Deixa ela entrar). A história trata da vida de um garoto solitário e vítima de bullying chamado Oskar. Ele vive na antiga Blackeberg (Suécia) e estabele uma relação de amizade (ou seria amor?) com Eli, sua nova vizinha.  Eli é uma vampira e, portanto, precisa de sangue para sobreviver. Ao poucos as duas crianças travam uma forte relação e passam a ajudar um ao outro. O livro de Lindqvist foi publicado no Brasil pela Editora Globo e também ganhou uma adaptação para o cinema muito bem produzida por Tomas Alfredson. Esse filme contou com as atuações exuberantes dos atores suecos Kare Hedebrant e Lina Leandersson. Depois de todo o sucesso e reconhecimento mundial, Lindqvist escreveu um conto que soluciona a ambiguidade final do livro. Em Deixa ela entrar , Oskar e Eli fogem no final após o massacre da piscina. Lindqvist escreveu o conto Let the old dreams die (Deixe ...

Primeiros passos: sejam bem-vindos

Por algum tempo refleti sobre a possibilidade de ter um blog pessoal e eis que esse momento finalmente chegou. Não muito diferente do que ocorre com os outras pessoas que se propõem a fazer o mesmo, pretendo compartilhar nesse espaço virtual algumas ideias sobre diferentes assuntos que passam por minha cabeça. Mas porque o nome Entre o real e o inventado ? A resposta é simples: é nesse ambiente que eu vivo. Vivo entre a ficção e o realidade e muitas vezes percebo que não há grandes distinções entre esses dois lugares. Amo filmes, sou apaixonado e estudioso de literatura. Também gosto de debate político e me emociono muito assistindo diferentes esportes. É basicamente sobre coisas assim que irei escrever. O cotidiano das pessoas me atrai. Espero que essa experiência ajude no meu aprimoramento, pois não acredito em verdades absolutas. A vida para mim tem uma única função primordial: garantir tempo e espaço para que possamos aprender mais. Então, vamos lá!