Esse foi o primeiro ano que tive a oportunidade de acompanhar a Olimpíada de Inverno com um pouco mais de atenção. Impossível não se apaixonar por esportes tão emocionantes como o snowboard, a patinação de velocidade, o biatlo e até mesmo o curling, que virou o queridinho dos brasileiros. Ao final das competições, a Noruega terminou na primeira colocação do quadro de medalhas e continua sendo a nação com os melhores resultados. Nessa edição, o país conseguiu um número recorde de medalhas: 39 no total (14 de ouro, 14 de prata e 11 de bronze). O grande destaque foi a veterana Marit Bjoergen que no esqui cross-country chegou a sua 15ª medalha, tornando-se assim a atleta mais premiada na história das Olimpíadas de Inverno.
“Nós nascemos com esquis nos pés”, afirma com propriedade o ditado popular norueguês. Por isso, mesmo com uma população que não chega a seis milhões de habitantes, a Noruega foi a grande vencedora da Olimpíada de Inverno realiada na Coreia do Sul. É bem verdade que o clima gélido do país faz com que os esportes de inverno sejam parte da cultura dos noruegueses. Porém, outros países com o mesmo clima e até com um número muito maior de habitantes, não conseguiram superar o desempenho da Noruega. O que será que explica isso?
Numa interessante entrevista feita com o chefe da delegação norueguesa, ele esclarece que, mesmo as crianças norueguesas praticando esportes de inverno desde a infância e adolescência, não há excesso de competitividade ou pressão por resultados. Os esportes de inverno estão naturalmente inseridos na vida das pessoas e cabe somente a elas escolherem se vão se tornar atletas profissionais ou não. Isso é o exato oposto do que se tem por regra nos esportes olímpicos de muitos países, aí incluído o Brasil. Geralmente são criados projetos específicos para se formar futuros campeões, as cobranças são imensas desde cedo e não há o respaldo educacional para que as crianças e jovens possam se desenvolver naturalmente.
É esse diferencial no tratamento que explica em grande parte o sucesso nórdico. Sabemos que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da Noruega está entre um dos melhores do mundo, pois estamos falando de um país rico, próspero e democrático. Portanto, os bons resultados na Olimpíada são apenas consequência de uma cultura educacional e esportiva bem feita. Dessa forma, os noruegueses mostraram mais uma vez ao mundo que, para se tornar uma potência olímpica, antes é preciso ser uma potência na educação, no respeito e no estilo de vida saudável. Gratulerer para eles!
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