Bom mesmo era o tempo em que os Teletubbies tinham graça. Em que eu corria na chuva sem medo de raio ou resfriado. Em que a nudez era natural e aceitável. Em que eu não precisava me preocupar com calendário, calculadora e dinheiro. Não existiam compromissos, exceto com a diversão. Eu não precisava ficar marcando o tempo, contando os dias para as férias e aos poucos me acostumando a moldar minhas ações de acordo com as expectativas dos outros.
Bom mesmo era o tempo em que tudo era pureza, não havia ambição, falsidade ou inveja. Em que pensamentos impuros não perturbavam minha mente. Em que eu brincava, brigava, mas já no outro dia fazia as pazes. Em que a minha imaginação me levava sempre ao lugar certo. Em que eu não precisava ficar projetando meu futuro, mas apenas vivenciando intensamente meu presente.
Mas bom mesmo era se um dia tudo isso voltasse, acho que aproveitaria mais por saber que teria fim, pois na minha infância eu não pensava no fim. Hoje sei que a infância não é para sempre, a vida não é para sempre, pelo menos não a terrena. Quando criança não entendia bem a morte, hoje ainda não entendo, mas ao contrário daquela época sei que não tem volta, que é para sempre. E isso me dói, me faz pensar que todas nossas preocupações burocráticas de adulto são irrelevantes, que o melhor é ficar perto de quem e do que realmente é importante para nós, degustando cada momento e - assim como quando criança - nem ter a ideia de que tudo isso um dia terá seu fim.
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