A Noruega, assim como os demais países nórdicos, costumeiramente é lembrada por causa de sua qualidade de vida e de sua democracia consolidada. Porém, recentemente, o terrorismo que deixou em alerta toda a Europa, também abalou fortemente o cotidiano norueguês.
O filme Utoya (2018) retrata justamente o ataque terrorista ocorrido em 22 de julho de 2011. Primeiramente, uma bomba foi explodida no centro de Oslo e, em seguida, um terrorista atacou a tiros centenas de jovens que estavam na ilha de Utoya participando de um evento do Partido Trabalhista.
O brilhantismo desse filme está no uso que ele faz do plano-sequência. Durante quase toda a ação não perdemos de vista a jovem Kaja (Andrea Berntzen). Ela sonha em ser eleita e se tornar parlamentar. Mas em Utoya, além de fugir do terrorista que promove o ataque, Kaja procura por sua irmã Emilie e tenta ajudar algumas pessoas que encontra pelo caminho.
Já no primeiro momento em que ela surge na tela, sugere-se uma conversa interativa com quem a assiste. Kaja olha para a câmera e diz: “Vocês nunca vão entender. Só escute o que eu digo, certo?”. Logo em seguida, percebemos que, na verdade, ela está conversando com alguém ao telefone, usando fone de ouvindo. Porém, a mensagem forte de alerta já nos foi passada e meio que nos prepara para a morte da protagonista.
Em relação ao ataque terrorista, ele foi praticado por um homem branco e norueguês. Esse homem tinha uma visão extremista acerca da imigração e do multiculturalismo. O diretor do filme, Erick Poppe, é bastante explícito ao apresentar, até nas linhas finais, o extremismo de direita como responsável pelas centenas de vítimas em Utoya. Além disso, ele também destaca que essa é uma ameaça crescente e que se faz presente por toda a Europa.
No final da película, logo após Kaja ser morta de maneira dramática, a câmera passa a acompanhar Magnus, um amigo que estava ao seu lado. Ele percebe a chegada de um bote motorizado e corre em sua direção para conseguir se salvar. Já dentro do bote encontramos, entre os sobreviventes, a irmã da protagonista. Ela está pressionando o ferimento de outra pessoa, tentando salvá-la. A imagem é mostrada de maneira muito rápida, mas passa a mensagem de que os ideais humanistas de Kaja não morreram com ela. Pelo contrário, continuam vivos por meio de sua irmã Emilie.
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